Setembro Amarelo – Mês da Prevenção do Suicídio
O suicídio é um problema de saúde pública. Apesar de ser considerado um comportamento raro, pode afetar todas as pessoas, e não tem fronteiras demográficas, étnicas, culturais ou socioeconómicas.
Estudos indicam que, por ano, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio em todo o mundo. Em Portugal, registam-se 9,4 suicídios por cada 100.000 habitantes (e cerca de 20 tentativas de suicídio por cada suicídio consumado). A incidência aumenta com a idade, é maior nos homens (relação 3:1 entre homens e mulheres) e tem-se verificado uma tendência crescente nas últimas décadas.
O suicídio associa-se a múltiplos fatores de risco, pelo que não é correto atribuir-se uma morte por suicídio a uma única característica da pessoa ou a um acontecimento. No entanto, sabe-se que cerca de 90% das pessoas que morreram por suicídio tinham uma doença mental.
O suicídio é previsível, e saber como ajudar é fundamental. Existem seis passos importantes na prevenção do suicídio:
- 1 – Saber reconhecer os sinais de alarme e os fatores de risco;
- 2 – Levar a sério os pedidos de ajuda. Nunca assumir que pensamentos de suicídio são chamadas de atenção inofensivas;
- 3 – Ouvir ativamente, sem juízos de valor. Valorizar os problemas (aquilo que pode parecer irrelevante para nós pode causar grande sofrimento para outra pessoa);
- 4 – Perguntar diretamente sobre pensamentos de suicídio;
- 5 – Encorajar a pessoa a procurar ajuda profissional;
- 6 – Se a pessoa estiver em perigo de vida, pedir ajuda imediatamente.
Saber reconhecer os sinais de alarme, pode salvar vidas. Encoraje a procura de ajuda profissional (médico de família, psicólogo ou psiquiatra) se: a pessoa diz que não tem esperança no futuro; anda mais isolada; irrita-se com frequência ou tem variações de humor extremas; consome mais álcool ou drogas; dorme muito ou dorme pouco; fala em querer morrer ou em querer matar-se; age de forma ansiosa, agitada ou imprudente; diz que se sente um fardo para os outros ou que se sente culpada; não vê solução para os problemas; perdeu o interesse pela própria aparência ou pelas atividades habituais; procura ou já procurou formas de se matar; sofreu uma perda marcante (morte de um ente querido, desemprego recente, perda económica ou de estatuto social); organiza a vida e prepara o momento da morte (doou recentemente bens pessoais significativos, guardou dinheiro para o funeral ou escreveu testamento).
A pandemia por COVID-19 contribuiu para aumentar a sensação de isolamento e vulnerabilidade. Perante uma pessoa com ideação suicida, deve mostrar que se importa, que a pessoa não está sozinha, envolver família e amigos e não ter medo de perguntar diretamente se a pessoa pensa suicidar-se. Uma conversa de circunstância (sem juízos de valor) pode salvar vidas e criar uma sensação de conexão e esperança em alguém que pode estar a passar por dificuldades. Perguntar sobre o suicídio não leva a ideação suicida, nem precipita o comportamento suicidário. Estas perguntas tendem a aliviar a tensão emocional e a levar a pessoa a falar abertamente. A oportunidade para a pessoa falar dos seus pensamentos pode ser um alívio e o ponto de partida para uma solução.
O suicídio deve ser encarado como uma urgência psiquiátrica. Não se deve subvalorizar o risco.
Se a pessoa está em perigo de vida, é essencial pedir ajuda imediatamente (ligar 112, afastar a pessoa de objetos ou locais perigosos e não a deixar sozinha). A nossa atitude pode salvar uma vida.