Julho Amarelo é o Mês de Conscientização das Hepatites Virais
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.
Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas quando aparecem, estes manifestam-se na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vómitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
No caso específico das hepatites virais, que são o objeto da campanha Julho Amarelo, estas são inflamações causadas por vírus classificados pelas letras do alfabeto em A, B, C, D (Delta) e E.
– Hepatite A: tem o maior número de casos, está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e de higiene. É uma infeção leve e se cura sozinha. Existe vacina.
– Hepatite B: é o segundo tipo com maior incidência; atinge maior proporção de transmissão por via sexual e contato sanguíneo. A melhor forma de prevenção para a hepatite B é a vacina, associada ao uso do preservativo.
– Hepatite C: tem como principal forma de transmissão o contato com sangue. É considerada a maior epidemia da humanidade hoje, cinco vezes superior à AIDS/HIV. A hepatite C é a principal causa de transplantes de fígado. A doença pode causar cirrose, câncer de fígado e morte. Não tem vacina.
– Hepatite D: causada pelo vírus da hepatite D (VHD) ocorre apenas em pacientes infetados pelo vírus da hepatite B. A vacinação contra a hepatite B também protege de uma infeção com a hepatite D.
– Hepatite E: causada pelo vírus da hepatite E (VHE) é transmitida por via digestiva (transmissão fecal-oral), provocando grandes epidemias em certas regiões. A hepatite E não se torna crónica, porém, mulheres grávidas que forem infetadas podem apresentar formas mais graves da doença.
Formas de contágio:
As hepatites virais podem ser transmitidas pelo contágio fecal-oral, especialmente em locais com condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos; pela relação sexual desprotegida; pelo contato com sangue contaminado, através do compartilhamento de seringas, agulhas, laminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfuro-cortantes; da mãe para o filho durante a gravidez (transmissão vertical), e por meio de transfusão de sangue ou hemoderivados.
O contágio via transfusão de sangue já foi muito comum no passado, mas, atualmente é considerado raro, tendo em vista o maior controle e a melhoria das tecnologias de triagem de doadores, além da utilização de sistemas de controle de qualidade mais eficientes.
A falta do conhecimento da existência da doença é o grande desafio, por isso, a recomendação é que todas as pessoas com mais de 45 anos de idade façam o teste, gratuitamente, em qualquer posto de saúde e, em caso de resultado positivo, façam o tratamento que está disponível na rede pública de saúde.
Prevenção da hepatite A:
– a vacina contra a hepatite A é altamente eficaz e segura e é a principal medida de prevenção;
– lavar as mãos com frequência, especialmente após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos;
– utilizar água tratada, clorada ou fervida, para lavar os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
– cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
– lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
– usar instalações sanitárias;
– no caso de creches, pré-escolas, bares, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfeção de objetos, bancadas e chão, utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
– não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
– evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
– usar preservativos e higienizar as mãos, genitália, períneo e região anal, antes e após as relações sexuais.
Prevenção da hepatite B:
A vacina é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, sendo extremamente eficaz e segura; usar preservativo em todas as relações sexuais; não compartilhar objetos de uso pessoal, tais como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicura e pedicure, equipamentos para uso de drogas, execução de tatuagem e colocação de piercings. A testagem das mulheres grávidas ou com intenção de engravidar também é fundamental para prevenir a transmissão de mãe para o bebé. A profilaxia para a criança após o nascimento reduz drasticamente o risco de transmissão vertical.
Prevenção da hepatite C:
Não existe vacina contra a hepatite C. Para evitar a infeção é importante:
Não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue (seringas, agulhas, alicates, escova de dentes, etc); usar preservativo nas relações sexuais; não compartilhar quaisquer objetos utilizados para o uso de drogas; todas as mulheres grávidas precisam fazer no pré-natal os exames para detetar as hepatites B e C, HIV e sífilis. Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas. O tratamento da hepatite C não está indicado para gestantes, mas após o parto a mulher deverá ser tratada.
Prevenção da hepatite D:
A hepatite D ocorre em pacientes infetados com o tipo B, portanto, a vacina contra a hepatite B, protege contra o tipo D, também.
Prevenção da hepatite E:
A melhor forma de evitar a doença é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene, tais como as medidas para prevenir a hepatite do tipo A.
Julho Amarelo também é o mês de Conscientização do Cancro Ósseo
O tumor ósseo, ou “cancro ósseo” é uma massa de tecido causada por um crescimento celular anormal no osso, processo denominado de neoplasia.
1) O que é o cancro nos ossos?
O tumor ósseo, ou “cancro ósseo”, é uma massa de tecido causada por um crescimento celular anormal no osso, processo denominado de neoplasia. Os tumores musculoesqueléticos correspondem a menos de 1% dos casos ambulatoriais em ortopedia e a, aproximadamente, 3% das neoplasias em geral.
É importante salientar que as neoplasias ósseas primitivas estão entre as cinco neoplasias mais frequentes na faixa etária entre 5 a 15 anos. Em casos de lesão óssea acima dos 40 anos, a primeira suspeita é de estarmos diante de uma lesão óssea metastática.
2) Quais os sintomas mais frequentes da doença?
As neoplasias ósseas demoram, em nosso meio, cerca de 67 meses desde o início dos sintomas até o diagnóstico, ao contrário das estatísticas europeia ou norte-americana.
O diagnóstico precoce dos tumores ósseos depende não apenas da suspeita clínica do ortopedista, mas também do pediatra, pois essa patologia acomete crianças e adolescentes.
A história típica de um tumor ósseo é a de um adolescente referindo dor ao nível do joelho, pois 60% dos casos estão localizados nessa topografia, associado ou não a trauma local. A referência de um trauma muitas vezes não está relacionada a um fator causal, e sim compatível a intensa atividade física e desportiva, muitas vezes atrasando a procura ao atendimento médico.
3) Como acontece o seu diagnóstico?
A história clínica, o exame físico local, com dor à palpação, derrame articular, e sempre comparando com o lado contralateral, são sinais e sintomas que podem aparecer. Os exames laboratoriais são inespecíficos na maioria das vezes e os estudos de imagem com radiografias, TC (Tomografia Computadorizada) E RNM (Ressonância Magnética) são fundamentais. Existem características sugestivas de cada neoplasia, que podem sugerir se a lesão é benigna ou maligna, cartilaginosa ou óssea, etc.
4) Como ocorre o tratamento da doença e quais os principais desafios e avanços relativos ao mesmo?
Muitos avanços têm ocorrido no tratamento das neoplasias musculoesquelética nos últimos anos. Essas melhorias incluem: métodos de imagem, poliquimioterapia, técnicas de reconstrução usando próteses, enxertos, retalhos microcirúrgicos e apropriadas intervenções nas fraturas patológicas. Os avanços nas bases genéticas dos tumores, permitindo melhor conhecimento dos mecanismos de disseminação e desenvolvimento de engenharia tissular, são progressos fundamentais para melhorar a sobrevida dos pacientes e o resultado funcional. Os cirurgiões ortopédicos continuam a ter um papel de liderança no tratamento dessa patologia.
A sobrevida dos pacientes tem melhorado através da quimioterapia mais eficiente, da radioterapia e dos tratamentos cirúrgicos. Juntam-se aos ortopedistas, nessa batalha pela vida, quimioterapeutas, radioterapeutas, radiologistas, patologistas, fisioterapeutas, enfermeiros psicólogos, assistentes sociais e tantos outros profissionais. Entretanto, os desafios permanecem e devemos continuar no avanço dos conhecimentos para melhor cuidar dos pacientes.